terça-feira, 29 de maio de 2012

Dalton Trevisan



See full size image
DALTON TREVISAN FOI O VENCEDOR DO PRÊMIO CAMÕES DE LITERATURA, OFERECIDO A ESCRITORES POR PORTUGUAL, MOÇAMBIQUE, ANGOLA E BRASIL. TRATA-SE DO PRINCIPAL PRÊMIO DE LITERATURA EM PAÍSES DE EXPRESSÃO PORTUGUESA. O ESCRITOR É O RESPONSÁVEL POR TÍTULOS COMO O VAMPIRO DE CURITIBA E 99 CORRUÍRAS NANICAS, ENTRE OUTROS. O CURITIBANO COLOCA SEU TALENTO À SERVIÇO DA DENÚNCIA DAS MAZELAS SOCIAIS, DA FALSA MORAL E DA VIOLÊNCIA URBANA. A PALAVRA SIMPLES E DESPIDA DE ORNAMENTOS SERVE AO DESNUDAMENTO DA BRUTALIDADE E À SURPESA EMBUTIDA NO COTIDIANO.
EXEMPLOS DA PRODUÇÃO DO ESCRITORE SÃO OS MINICONTOS ABAIXO, AS CORRUÍRAS 10 E 38, DO LIVRO ACIMA CITADO.


Ao acordar, o distinto chama as filhas. Que uma lhe lave os pés.Que penteie o cabelo. E, todo nu, façam massagem pelo corpo.
- Não sou o galã do barraco?
Agarra e beija as mais velhas – com força e na boca.
- Filha minha não é pra outro.
Você piou? Já viu: apanha sem dó.
- Essas eu fiz pra mim. Qualquer dia me sirvo.

Na floricultura o botão de rosa mais fresco são os lábios vermelhos da mocinha.

LEIA ALGUMAS FONTES QUE DIVULGARAM AS CONSIDERAÇÕES DO JÚRI QUE OUTORGOU O PRÊMIO AO BRASILEIRO.
Vera Haas,
Coordenadora do Projeto
Cinema e Literatura

21/05/2012 - 10h58

Escritor curitibano Dalton Trevisan vence Prêmio Camões

PUBLICIDADE
DE SÃO PAULO
O escritor curitibano Dalton Trevisan, 86, foi anunciado o vencedor da 24ª edição do Prêmio Camões nesta segunda-feira (21), em Lisboa. A premiação, criada em 1988 por Brasil e Portugal, é o principal reconhecimento da literatura em língua portuguesa.
O júri, formado por seis representantes de Portugal, Brasil, Moçambique e Angola, reuniu-se nesta manhã para eleger o ganhador. Dalton Trevisan foi premiado por sua "dedicação ao fazer literário", segundo o escritor Silviano Santiago, um dos integrantes do júri.
"A escolha de Dalton Trevisan foi unânime. Houve uma discussão maravilhosa entre os membros do júri de cerca de duas horas e depois chegamos a essa decisão consensual", afirmou Santiago em nota divulgada pela Fundação Biblioteca Nacional, responsável pelo prêmio no Brasil. "Primeiramente, pela contribuição extraordinária de Dalton Trevisan para a arte do conto, em particular para o enriquecimento de uma tradição que vem de Machado de Assis, no Brasil, de Edgar Allan Poe, nos EUA, e de Borges, na Argentina."
Nascido em Curitiba em 14 de junho de 1925, Dalton Jérson Trevisan é autor de "O Vampiro de Curitiba" (1965), uma das suas obras mais conhecidas. O escritor venceu quatro prêmios Jabuti --por "Novelas Nada Exemplares", em 1960, "Cemitérios dos Elefantes", em 1965, "Ah, É?", de 1995, e "Desgracida", em 2011.
Entre outros títulos notáveis do escritor estão "Vozes do Retrato - Quinze Histórias de Mentiras e Verdades" (1998), "O Maníaco do Olho Verde" (2008), "Violetas e Pavões"(2009) e "O Anão e a Ninfeta" (2011).


Dalton Trevisan deixa a livraria do Chain, em Curitiba, em agosto de 2008; o escritor não se deixa fotografar

Veja abaixo os vencedores de todas as edições anteriores do Prêmio Camões:
1989 - Miguel Torga (poeta e romancista português)
1990 - João Cabral de Melo Neto (poeta brasileiro)
1991 - José Craveirinha (poeta moçambicano)
1992 - Vergílio Ferreira (romancista português)
1993 - Rachel de Queiroz (romancista brasileira)
1994 - Jorge Amado (romancista brasileiro)
1995 - José Saramago (romancista português)
1996 - Eduardo Lourenço (crítico literário e ensaísta português)
1997 - Pepetela (romancista angolano)
1998 - Antonio Candido (crítico literário e ensaísta brasileiro)
1999 - Sophia de Mello Breyner Andresen (poeta portuguesa)
2000 - Autran Dourado (romancista brasileiro)
2001 - Eugénio de Andrade (poeta português)
2002 - Maria Velho da Costa (romancista portuguesa)
2003 - Rubem Fonseca (romancista brasileiro)
2004 - Agustina Bessa Luís (romancista portuguesa)
2005 - Lygia Fagundes Telles (romancista brasileira)
2006 - José Luandino Vieira (escritor angolano; recusou o Prêmio Camões)
2007 - António Lobo Antunes (romancista português)
2008 - João Ubaldo Ribeiro (romancista brasileiro)
2009 - Armênio Vieira (escritor de Cabo Verde)
2010 - Ferreira Gullar (poeta brasileiro)
2011 - Manuel António Pina (poeta, cronista, dramaturgo e romancista português)

21/05/2012
 às 12:44 \ Vida literária

Dalton Trevisan ganha o prêmio Camões

Genial, genioso e muito mais recluso do que Rubem Fonseca jamais sonhou ser, o contista curitibano Dalton Trevisan é o vencedor do 24º Prêmio Camões 2012, o mais importante da literatura de língua portuguesa.
O vencedor do Camões – que também já premiou os brasileiros João Ubaldo Ribeiro, Ferreira Gullar e o próprio Rubem Fonseca, entre outros – recebe 100 mil euros, em torno de R$ 260 mil. Presidido pelo crítico brasileiro Silviano Santiago, o júri tomou a decisão por unanimidade. O anúncio foi feito hoje de manhã em Lisboa por Francisco José Viegas, secretário de Cultura de Portugal. Leia aqui a reportagem do jornal português “Público”.
O júri justificou assim a escolha: “Dalton Trevisan significa uma opção radical pela literatura enquanto arte da palavra. Tanto nas suas incessantes experimentações com a língua portuguesa, muitas vezes em oposição a ela mesma, quanto na sua dedicação ao fazer literário sem concessões às distrações da vida pessoal e social”.
Dalton, que completa 87 anos no mês que vem, manteve em toda a sua carreira impressionante fidelidade a um estilo de prosa de crescente minimalismo e temática inconfundível, marcada em doses iguais por erotismo à flor da pele, provincianismo e uma espécie aguda de metacafonice, com o uso insistente de clichês verbais, diminutivos e personagens chapados. Numa combinação rara, enraizou seu experimentalismo de autor sofisticado num solo popularíssimo de “Brasil profundo”:
A noivinha em pranto:
São horas? Um homem casado? De chegar?
O boêmio fazendo meia-volta, no passinho do samba de breque:
Não cheguei, minha flor. Só vim buscar o violão.
O título do livro mais famoso de Dalton Trevisan, “O vampiro de Curitiba”, acabou por virar também sua alcunha. Os últimos que lançou (pela editora Record) foram “Desgracida” e “O anão e a ninfeta”.
A editora Record tentou entrar em contato com Dalton esta manhã para lhe dar a notícia, mas não sabe se ele já a recebeu. A comunicação é precária. “Fizemos do jeito que sempre fazemos para falar com ele”, disse a gerente de imprensa Gabriela Máximo. “Telefonando e mandando um fax para a Livraria do Chain, que então manda alguém botar o fax na caixa de correio dele.” Se Dalton irá a Lisboa para coletar a honraria? “Acho praticamente impossível”, diz Gabriela, que em 2007 recebeu em nome do escritor o segundo prêmio do Portugal Telecom.

Nenhum comentário:

Postar um comentário