quarta-feira, 21 de agosto de 2013

FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO: A ARTE COMO CONHECIMENTO

Por Vera Haas
Um grupo de estudantes do campus Camaquã esteve presente, pelo segundo ano consecutivo, ao Festival de Cinema de Gramado. A 41ª edição ofereceu aos alunos uma gama variada de estilos, a encher a tela e os olhos ávidos. Durante o dia 15.08, eles aproveitaram para ver tudo o que o desejo de conhecer lhes permitia. A reprise de "Os amigos", de Lina Chamie, revelou um roteiro amarrado por uma boa história e por trechos da "Odisséia", de Homero. Ao longo do filme, a suspensão da recomendação do sábio Tirésias ao viajante grego enriquece o desfecho. As imagens narram o que o adivinho tivera que segredar a Odisseu/Ulisses, que traduzo em linguagem de "em dia de semana", emprestando a expressão rosiana: "onde está teu coração, aí está tua casa". 
A animação "Até que a Sbórnia nos separe", de Otto Guerra e Ennio Torresan Júnior, apresentou um humor inteligente e crítico. Um dos recursos para a narração foram canções cuja letra sobrescritava as imagens, estratégia interessantíssima, tanto do ponto de vista artístico quanto no que se refere à formação de um espectador aberto à música como parte constitutiva do andamento narrativo. Alie-se a esse aspecto a homenagem ao primeiro "King Kong", a "Nosferatu" e ao "Encouraçado Potemkin", verdadeira pérola no desenrolar da fita. E, por valorizar a cultura e lançar um olhar sagaz sobre a desmedida do capitalismo selvagem, a obra foi amplamente comentada pelos estudantes no ônibus, já na viagem de retorno.
"Cinco maneiras de fechar os olhos" foi realizado por uma turma de estudantes da PUC-RS. Trabalho executado a muitas mãos, evidencia mais uma vez que o cinema é uma realização artística de equipe: o grupo precisa exercitar a responsabilidade coletiva para que todos obtenham êxito. A narrativa prendeu a atenção e usou o escurecimento da tela para causar a sensação de olhos que se fecham. Em alguns momentos, as máscaras sociais lembram as revelações machadianas sobre a nossa sociedade.
Outro momento de destaque em um dia com muitas atividades foi o debate referente aos novos recursos audiovisuais. Maiores detalhes serão fornecidos a respeito das reflexões que agitaram as conversas no Recreio Gramadense: amanhã, nessa mesma página, o professor Marcelo Kwecko apresenta seu ponto de vista: como foi o debate, aspectos importantes, enfim... 
É importante mencionar, ainda, dois nomes: Ralf Cardoso e Luiz Alberto Cassol, coordenador do 41º Festival de Cinema de Gramado e diretor do IECINE respectivamente. Sem a ação deles, certamente não haveria um Festival tão plural, tão aberto a escolas e à comunidade, à formação de novas mãos para o cinema e de novos leitores para os filmes.

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